3 Dilemas do tradutor

Em um dia de trabalho, passamos por diversos dilemas. Não estou falando de traduções difíceis, necessariamente, mas de pequenas ações que temos de tomar e que gostaríamos de evitar. Cito aqui três que me são recorrentes:

1. “Entre ele e mim”
Sabemos que esta é a forma certa, mas por algum motivo esse “mim” não cai nada bem aos olhos. Sempre que possível, tentamos trocar por “entre nós”, mas em certos casos não tem como escapar: algum segredo vai ficar só entre ele e mim mesmo.

2. Abandonar nossos regionalismos
Todos temos regionalismo, o que é ótimo, mas ao traduzir, temos que abrir mão delas, pois nosso locale é o Brasil todo, não só a nossa região.
No meu caso, já derramei lágrimas curitibanas quando tive que substituir uma “vina” por uma salsicha genérica. Por algum motivo, porém, não tenho o menor problema em trocar penal por estojo.

3. “Se você o vir, mande um oi”
Talvez este seja um problema maior entre os profissionais da legendagem, pois nosso leitor não tem tempo de processar o texto e qualquer estranhamento pode atrapalhar a fluidez da leitura. Infelizmente, o subjuntivo do verbo ver é um desses elementos que causam estranhamento e muitas vezes acaba preterido por seus sinônimos.
E, ao mesmo tempo, por ser um verbo pequeno, trocar um “vir” por “encontrar” ou “observar” pode fazer estourar o CPS da linha em questão.

Um comentário sobre “3 Dilemas do tradutor

  1. É engraçado eu não ver problemas no tal mim usado com o entre. Sempre pus ~entre nós~ a ~entre mim e você~ porque sei que o povo ao norte não gosta, mas ainda fico achando engraçado esse lance.

    Quanto aos regionalismos, o único problema que vejo é que se abandona um em prol de outro. A questão de um padrão se faz necessário, sem dúvidas, mas o problema dele é que o que passa a ficar fora do padrão é visto como errado (o que é bem corrosivo) e, sobretudo, o padrão elimina a diversidade (e tenho horror a isto) e aqui vejo uns problemas para além do nosso humilde português.

    Por fim, sem querer ser o chato sulista que fala assim ou assado, mas já o sendo, embora aqui o subjuntivo futuro do ver ainda seja usado em mesma medida que a forma ~inovadora~, convenhamos que é engraçado que no tempo imperfeito (se ele visse) ninguém pensa no verbo vir (viesse). No mais, me parece que o problema só ocorre nos tempos singulares. ~Se virem alguma coisa, me avisem, tá?~

    Au revoir~

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