Voxcribe – primeira tentativa

Esses dias no grupo de tradutores e intérpretes do Facebook, mencionaram o Voxcribe. Não foi a primeira vez que tinha ouvido falar do programa, mas foi a primeira vez que resolvi testá-lo.

É um programa que reconhece áudio em inglês de um dado vídeo e cria a legenda .srt com o texto transcrito automaticamente. Ele é pago de acordo com o uso e o usuário recém-cadastrado ganha 60 minutos como teste.

Primeiras impressões do programa

É um programa pesado. O seu instalador tem 1,3 Gb e os requisitos mínimos já colocam 4 Gb de RAM. Porém, nada anormal para quem trabalha com a área audiovisual.

Apesar disso, o programa roda perfeitamente, sem travar nem enroscar. A interface é bem intuitiva e minimalista. Facílimo de usar.
Funcionalidade

Agora vamos ao que interessa: se o programa faz a legenda bem ou não. Nessa primeira tentativa, eu peguei uma amostra de vídeo que representa cerca de 90% dos meus trabalhos: animação japonesa. Ou seja, diálogos em uma língua não reconhecida pelo programa e com efeitos sonoros e músicas de fundo.

Obviamente, eu não esperava nada do texto em si, e realmente nada foi o que eu obtive. No entanto, tinha esperanças de que a marcação do tempo já viesse mais ou menos feita. Ao menos as partes sem muito ruído de fundo.

Infelizmente, não obtive muitos resultados nesse quesito. O programa deixou de identificar falas em certos momentos e identificou falas inexistentes até em momentos de ruído mínimo, o que eu achei bastante estranho.
Enfim, por enquanto o programa não atende às minhas necessidades. Pretendo em breve fazer um teste com um episódio inteiro, e não só um trecho como desta vez.

Pelos motivos citados (não ser inglês, efeitos sonoros e música de fundo), acho difícil que os resultados sejam muito diferentes dos que já obtive, mas, por enquanto, não custa tentar. Também procurarei programas que transcrevam em japonês.

Legendagem com CAT – Processo

Já falei um pouco de como trabalho usando CATs para legendagem, mas ainda não falei como é o processo geral, então vamos a ele:
1. Preparação do arquivo

O primeiro passo do processo é preparar o arquivo para a tradução na CAT. Com arquivos .srt, não é necessário, pois o OmegaT identifica esse formato. No entanto, como trabalho com o formato .ass, preciso passar por esta etapa.

Trata-se de exportar a legenda em formato .txt e retirar os marcadores de quebra de linha (\N).
2. Tradução na CAT

Depois de o arquivo estar pronto, é só traduzi-lo na CAT Tool e ir criando os glossários conforme a necessidade. Depois de pronto, gero o arquivo no idioma alvo e colo o texto de volta no arquivo da legenda com o tempo marcado. Antes, porém, já gosto de passar um corretor ortográfico.
3. Revisão com o vídeo

Agora, com a legenda traduzida, assisto ao vídeo corrigindo os eventuais erros. Como eu não assisto ao vídeo enquanto traduzo na etapa 2, a revisão inclui vários obrigado<>obrigada, você<>vocês e é<>sim. Nesta revisão, o foco é nesse tipo de erro, mas também acaba-se achando erros de concordância, typos etc.

Eu gosto de fazer esta etapa com a fonte da legenda bem maior do que o padrão. Os erros parecem ficar mais evidentes assim.
4. Revisão de texto

Mais uma revisão, agora focada no texto a fim de se corrigir erros gramaticais e de ortografia. Ao final, passo um corretor ortográfico e gramatical.
5. Atualização da TM

Depois da etapa 4, eu entrego o arquivo, que ainda passará por revisores. Depois de ter a versão final em mãos, é hora de atualizar a TM (memória de tradução) para que as propagações de flashbacks e de frases repetitivas em episódios futuros já venham com o texto final.

Para isso, eu vou novamente à CAT Tool e gero o arquivo no idioma alvo. Então, exporto o texto da legenda totalmente corrigido e uso o Excel para encontrar as linhas que têm divergências entre as duas versões. Com isso em mãos, basta ir alterando a TM na própria CAT Tool ou em algum gestor de memórias de tradução.

Viagem ao Chile – Esqui?

Pois bem, quando avisei ao meu pai que iria ao Chile, ele me perguntou se eu ia esquiar. Sem pensar duas vezes, respondi que não. É uma viagem curta e meio entrecortada, passagens com horários meio estranhos, só o tempo de deslocamento até uma estação de esqui me custaria… 2 horas? A estação do ano em que estamos… não é condizente?

Graças à pergunta do meu pai, pesquisei a respeito de esqui no Chile e, adivinhe só: tem estações próximas a Santiago, inclusive com pacotes de ir e voltar no mesmo dia. E minha viagem é começo de agosto, no meio do inverno!

Resumo da ópera, parece que vou esquiar (ou talvez praticar snowboard, ainda não me decidi). Por alguns relatos que li pela internet, parece que, justamente quando começar a ficar divertido, será hora de ir embora, mas veremos. Melhor do que simplesmente não ir.

A propósito, agora o hotel para toda a estadia está garantido.

Viagem de última hora – Chile

Eu gosto de planejar viagens com antecedência e detalhadamente. Tanto que, muitos projetos de viagem que tenho nem esboçaram sair do papel. Um desses projetos é uma ideia que tenho de fazer um grande tour por todo o Paraná.

No entanto, por conta de uma oportunidade que surgiu, resolvi fazer uma viagem internacional ao Chile de última hora. Com 20 dias de antecedência, para ser mais exata. Devo admitir que estou bem confusa e sem saber direito o que fazer, mas já estou passagens compradas, hotéis reservados (só para uma das seis noites em que ficarei por lá) e já sei que lugares visitar (só um deles com certeza e um que ainda tenho que ver mais detalhes)…

Bem, ainda tenho muitos preparativos a fazer e já tive alguns medos por conta da pouca antecedência. A principal foi não ter hotel disponível para uma região específica a que vou, justamente a que motivou a viagem ser agora. A cidade se chama Frutillar e fica às margens do Lago Llanquihue. Felizmente, essa hospedagem eu já garanti. O outro grande medo era não conseguir chegar nessa mesma cidade, mas acho que já superei o obstáculo.

Mas ainda tenho aquele medo de, chegando lá, ser totalmente diferente do esperado…

Controle de CPS é suficiente?

CPS, ou caracteres por segundo, são uma métrica usada em legendagem para analisar a facilidade de leitura de uma legenda na tela. Como o nome já revela, é uma métrica focada na velocidade. No entanto, há vários outros fatores que influenciam a leitura. Então, já partindo à conclusão, digo que só o controle do CPS não basta para garantir uma boa leitura.

Parto para um exemplo que volta e meia eu percebo enquanto trabalho. Como parâmetro, procuro não deixar CPS acima de 20, idealmente até 18. Apesar disso, várias vezes é possível ler com tranquilidade legendas com 23 e 24 CPS. A frase pode ter uma construção simples, ser algum tipo de ditado popular, que já sabemos o que vem a seguir, ou vários outros motivos.

O mesmo vale para a situação contrária. Há frases com construções mais complexas que exigem uma releitura para serem compreendidas. Além disso, quando o personagem pausa, a tendência é também pausar a leitura. Por conta disso, já aconteceu mais de uma vez de eu me bater para ler legendas de apenas 8 CPS.

Legendagem com CAT – Projetos

Mais um pouco sobre o trabalho de legendagem com CAT. Na publicação a respeito de glossários, falei da importância de manter um glossário distinto para cada série, para evitar que certos termos se confundam ou fiquem duplicados (por exemplo game, que na maioria dos jogos basta traduzir como jogo ou partida, mas que no tênis é uma das partes de um set).

Da mesma forma que é importante manter os glossários separados, é importante fazer o mesmo com projetos e memórias de tradução. Na minha primeira tentativa frustrada de usar CATs para legendagem, um dos erros que cometi foi ter um projeto genérico “Legendagem” e só ir trocando os arquivos nele conforme a necessidade.

Não funciona bem.

Claro que, a princípio, haveria a vantagem de ter uma memória de tradução mais robusta com que se trabalhar. No entanto, essa vantagem acaba sumindo com o tempo que se tem que refazer trechos sem sentido justamente pela amplitude dos projetos. Imagino a frase “He went down”. Traduzi há pouco tempo Gokuaku Ganbo, um drama de um grupo de “consultores” financeiros do submundo. Nessa série, muito provavelmente esse “he went down” significaria “ele foi à falência”. No entanto, também estou traduzindo séries de esportes, como já mencionei. No caso de Daiya no A, de beisebol, possivelmente seria “ele (o rebatedor ou corredor) foi eliminado”.

Além desses casos, em que a mesma frase se traduz de maneiras totalmente diferentes, ainda tem a questão do linguajar. Gokuaku Ganbo, que eu acabei de citar, tem um linguajar mais chulo. Afinal, eles são ou trabalham com agiotas e o público-alvo é demais adulto. Seitokai Yakuindomo é totalmente focado em piadas de cunho sexual com o máximo possível de trocadilhos por minuto. Golden Time é um romance que usa uma abordagem mais fofa. Por mais que algum dos segmentos fonte entre essas séries fosse igual ou similar, não me vejo usando a mesma tradução para eles.

Claro que, de qualquer forma, é possível manter uma só memória e ir adequando conforme a série em mãos. No entanto, acho que fica mais claro separar os projetos.

Programas – ManicTime

Ao contrário dos programas que recomendei até agora (Gondendict, Pomodoro do Arara e Archivarius), o ManicTime não é um programa útil em si. No entanto, é um programa que eu considero divertido. Ele controla o tempo que você passa em cada programa no computador, com direito a dizer quanto tempo se passou em cada site. Resumindo: ele mede a produtividade e procrastinação.

Embora o programa em si não faça nada além de medir, é interessante porque ele permite que conheçamos melhor nossos limites. Por exemplo, eu sei que depois de 7 horas de trabalho real em um dia, eu já fico bem mais lenta. Sei que entre 5 e 6 horas por dia é um ritmo bom: significa que eu não procrastinei muito e que trabalhei sem me esgotar. Abaixo segue um exemplo de um dia “bonito” de produção minha:

manictimedia

O “Java Platform” é o OmegaT.

Percebam que dá para ver exatamente onde foram os intervalos dos tomates. Além disso, ele exibe outros gráficos de informações. Por exemplo, o gráfico abaixo mostra quanto tempo passei em cada programa durante uma semana.

manictimesemana

(Sim, escolhi deliberadamente uma semana em que fui bastante produtiva. Na verdade, até demais, já que trabalhei no meu fim de semana para cumprir o prazo.)

Como disse antes, o programa em si não faz nada, mas é interessante de analisar os dados que ele tem a oferecer.

Parece que o Rescue Time faz a mesma coisa, mas não cheguei a experimentar.